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o estranho é o novo pop mesmo…

11 nov
de Francisco de Deus

de Francisco de Deus

 

Esse é mais um daqueles textos que terminam e não chegam a lugar algum. Nem é esse o objetivo… de bater o martelo ou taxar uma situação. São só idéias sobre algo que está longe de terminar… e sem definição.

Ok… vamos clarear isso… Esse ano a música passa por uma fase bem interessante. Nunca seria cogitado que bandas como MGMT, TV On The Radio, Vampire Weekend, Hercules & Love Affair, Fleet Foxes, Yeasayer, Animal Collective, Man Man, entre várias outras, conquistariam bons lugares nos charts e algumas até chegariam a um reconhecimento mais pop. Há dois anos o MGMT passaria bem longe desse sucesso todo e ninguém cogitaria o Explosions In The Sky como um dos headliners do Lollapalooza. O fato é que o pop vive um período bem sem graça… sem criatividade e audácia. (Pop no sentido roqueiro da coisa… não no nível “Justin Timberlake”).

Quem cantou essa bola foi Anand Wilder, guitarrista do Yeasayer, em uma entrevista para o New York Times publicada em março. “Pop-rock has gotten so unsophisticated that experimental rock is the only thing to turn to”… E o melhor é que isso já rende alguns frutos… e não é de hoje. Ano passado o Editors lançou seu segundo disco, ” An End Has a Start”, e o primeiro single de trabalho dele foi “Smokers Outside The Hospital Doors”, bem fofa e radiofônica, mas com explosões sonoras chupadas do tal post-rock… total Sigur Rós, pode comparar:

Editors – “Smokers Outside The Hospital Doors”

Sigur Rós – “Saeglopur”

Então, o grande lance é que passamos o estágio da “era do conhecimento”… ele ja foi e nos deixou um legado gigantesco. Por isso, vivemos uma pausa extremamente criativa e assimilada principalmente pela música experimental. Uma espécie de “era do discernimento”… termo que lembra logo de cara aquelas palestras de auto-ajuda para empreendedores, mas que faz sentido no contexto artístico.

Ninguém aguenta mais os revivals ou misturas bizarras e propositais. Cada um funcionou bem na sua época, mas já deu. Atitudes mecânicas não “vendem” hoje em dia… o espectador está cada vez mais esperto e já começa a sacar por conta própria quando a manifestação é autêntica… e quando é um embuste. Assim, fica difícil para bandas e mídia subestimarem o público. Coisa linda! O caminho hoje é a devida digestão de tudo o que foi vivido no século XX. Milhares de discos novos são lançados todas as semanas… cabe aos diferentes filtros uma seleção bacana. E não, mais do mesmo não nos interessa.

Essa nova “digestão” também foge da famosa antropofagia. Não chega a ser protesto e muito menos uma imposição… é só uma assimilação de referências. Encontrar no som de uma banda elementos da vanguarda artística do começo da década de 80 em NYC, ao lado da linguagem dos desenhos animados em ritmo video-clipado… Bizarro? Não, puro instinto.

A necessidade de encontrar uma voz própria no meio desta avalanche sonora é o fio condutor. Acredito que em certos aspectos o músico se expõe mais hoje. Não conta mais com um escudo formado por um personagem criado… ou não, extrapola e cria um mundo ou personagens que habitam o seu imaginário… mas tudo buscando a diferença. São extremos bem individuais, que conquistam seus semelhantes graças a uma birosca chamada internet.

A melhor parte é que Curitiba vive um momento assim. Não é geral, óbvio, mas se olharmos com calma vamos encontrar músicos desapegados e voltados para o próprio umbigo. Fora do eixo… e não devem nada… estão livres para testarem sua auto-crítica e, se cumprirem sua missão e encontrarem uma voz única, todos ficamos felizes. Vai que nossos umbigos são parecidos…

Bom… outro dia a gente volta a falar sobre isso. Idéias e exemplos não faltam… mas vamos testando eles na prática por aqui…